Experiências Formativas
OFICINAS ‘AVALIAR PARA APRENDER’ E ‘TRAMAS ENTRE FILOSOFIA E AVALIAÇÃO’
Apresentação por Lorrany Mendes e Ludmylla Pereira
As oficinas sobre avaliação ofertadas pela professora Adriana Delbó (FAFIL/UFG) fornecem para nós, discentes e para as/os já docentes, meios de exercitar o pensamento crítico das/os estudantes. Repensar as ideias leva as/os alunas/os a entender e a interpretar melhor as questões filosóficas. Para isso, é necessário evidenciar que não há um pensamento motivador mais ou menos valoroso. É possível filosofar a partir de qualquer coisa que nos leve a pensar, fazendo-se necessário, no entanto, despertar esses pensamentos nas/os estudantes, para que elas/es leiam e escrevam seus textos com o auxílio de um/a orientador/a. Além disso, para que ocorra o aprendizado da filosofia em todos os seus ramos do saber, é necessário que seu ensino se dê por meio da avaliação, desde que esta seja feita de forma não punitiva, possibilitando o exercício do pensamento. Desse modo, os processos de avaliação devem ter como objetivo o aperfeiçoamento das ideias das/os alunas/os a fim de valorizar a qualidade de suas contribuições, sempre tendo em mente que erros não são fracassos, mas oportunidades de aprimoramento. Para que a avaliação seja feita de forma eficiente, é indispensável que os critérios sejam expressos e determinados previamente. Isto porque uma avaliação filosófica tem como objetivo examinar as habilidades das/os alunas/os em articular conteúdos, compreender, problematizar e expressar seus pensamentos a partir dos textos apresentados e discutidos em sala de aula. É indispensável, então, que a avaliação gere aprendizado, e que não se limite a apontar erros como falhas e não se limite à atribuição de uma nota. Nas oficinas mencionadas, podem ser encontrados conteúdos para auxiliar no processo avaliativo, destacando a importância de que, a partir dele, ocorram oportunidades para a revisão, reformulação do trabalho feito e o aprendizado da Filosofia. Convidamos as leitoras e os leitores a explorarem o texto da professora Adriana Delbó, “Tramas da filosofia: entre o pensamento e a avaliação”, publicado no livro aqui disponibilizado na Aba PIBID.
Carta do aluno Eduardo Ferraz Franco (UFG) para a professora Adriana Delbó
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Carta da aluna Cristiane Marinho(UFG) para as professoras Adriana Delbó e Carmelita (UFG)
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Carta do aluno Patrick Ferreira(UFG) para professora Adriana Delbó (UFG)
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CARTAS DAS/DOS ESTUDANTES ÀS/AOS PROFESSORAS/ES DA FAFIL ESCRITAS SOB O IMPACTO DO “ENSINO REMOTO EMERGENCIAL”
NO ANO DE 2020
APRESENTAÇÃO
Aparecida Cristina da Silva[1]
Quão filosófica pode ser uma entrevista, uma carta ou até mesmo um depoimento se vistos à luz de registros recolhidos por estudantes e professoras/es que lançaram mão desses recursos para relatarem suas experiências com o ensino remoto emergencial e o enfrentamento da COVID-19? Essa pergunta é uma chave de leitura de “textos filosóficos” escritos sob uma forma pouco usual no nosso modo de “fazer filosofia”, nos nossos dias: a carta. Essa forma de escrita pode ser considerada filosófica? Sim. Lembremos que a carta é uma forma de texto filosófico que, ao lado de outros estilos, herdamos de nossa tradição. Danilo Marcondes (2011) enumera sete formas estilísticas da filosofia: o diálogo, o tratado, o ensaio, o poema, o aforismo, a confissão e a carta. Se é possível escrever filosofia por meio de tantos estilos, as/os estudantes da disciplina em questão optaram por essa forma de expressão (que entrelaça o pessoal com o filosófico) para falarem do impacto que foi, para elas/eles, fazer um curso de filosofia por meio do “ensino remoto emergencial”.
Essas cartas podem ser lidas como “testemunhos” que têm como pano de fundo inquietações, insatisfações e preocupações das/estudantes com os limites de um modo de ensino que comprometeu seriamente o aprendizado dos conteúdos das disciplinas. É o que se pode ler nessas cartas que contribuem com uma práxis filosófica antenada com os problemas do nosso tempo e atenta às inquietações das/os estudantes, provocadas pelas discussões dos textos estudados na disciplina mencionada.
Quanto às/aos professoras/es entrevistadas/os, a escolha foi feita pelas/os estudantes tomando por base a relação entre as questões tratadas nos textos estudados e a área de estudo da/do professor/a. À luz dessa orientação, a carta endereçada ao professor Cristiano Novaes de Rezende, escrita pelas alunas Andressa Alves de Oliveira e Vanessa Cunha Ungarelli, levanta uma pergunta que continua nos rondando: “o que se perde e o que se ganha com um ensino de filosofia mediado por tecnologias digitais?”.
A carta de Paulo Henrique Almeida Melo - dirigida ao professor Pedro Mendes Ferreira Lemos -, parte das análises de Alejandro Cerletti (2009) em seu livro “O ensino de filosofia como problema filosófico” e propõe uma problematização em torno ao “ensino (emergencial) de filosofia”, remetendo-a ao campo da filosofia da linguagem.
Bruna Silva Guerra e Thaís Maria Lopes de Faria endereçam sua carta à professora Martina Korelc e a preocupação das estudantes é com o problema do tempo. “Como o tempo afeta a nossa experiência? Como nós somos atravessados pelo tempo?”. Essas perguntas, levantadas por Walter Kohan (2018) em um dos textos estudados na disciplina, são retomadas por Bruna e Thaís para pensar a relação entre tempo e experiência nos ambientes acadêmico e escolar, em um momento marcado por perdas, inseguranças e dificuldades de ensinar e aprender filosofia de maneira remota.
As perguntas dirigidas por Suyane Quirino de Melo ao prof. Wagner Sanz partem de questionamentos que surgiram de sua leitura dos textos de Celso Favaretto (1993), Alejandro Cerletti (2009) e Marcia Tiburi (2013). Duas questões em particular mobilizam o pensamento da autora: (i) “um/a professor/a de Filosofia deve ser criativo/a e fundamentar suas escolhas pedagógicas no que lhe afeta, já que pensar é uma prática também afetiva”?; (ii) como encarar “um dos objetivos principais da filosofia no ensino médio, a saber, formar cidadãos, ou seja, agentes da vida pública? Essa pergunta não nos remeteria a outra que nos leva a pensar na imprescindibilidade da discussão dos problemas vividos pelos alunos”?
Endereçada ao prof. Ricardo Dalla Vecchia, a carta de Rosimar Souza de Faria parte de questionamentos postos nos textos estudados e busca conectá-los com sua experiência na disciplina de Ética, cursada com o professor. Nesse sentido, o objetivo de Faria é fazer com que o professor explore mais o seu modo de ensinar filosofia a partir do qual a tradição é invocada sem perder de vista as possibilidades de conectá-la com exemplos reais, extraídos de situações contemporâneas. Faria retoma, por fim, a pergunta com a qual iniciamos esta apresentação: “o que se perde e o que se ganha com um ensino de filosofia mediado por tecnologias digitais?”.
Essa pergunta, se insistimos em retomá-la, é para apontar a complexidade que envolve o ensino de filosofia mediado por tecnologias digitais à luz dos elementos que compõem essa mediação: a linguagem, a/o professor/a, a/o estudante, o momento histórico em um contexto de enfrentamento da pandemia. Como lembra Joana Peixoto (2016), não temos ainda a demarcação de um campo crítico acerca dos processos de ensino e aprendizagem com o uso de tecnologias digitais em rede.
Como os efeitos didático-pedagógicos desses processos ainda é um tema aberto à discussão, fica o convite à leitura dessas “cartas filosóficas” que, oxalá, possam fomentar o diálogo dos temas nelas tratados.
[1]Com a colaboração da profª Carmelita Brito de Freitas Felício.
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Carta para a professora Martina Korelc (UFG) das alunas Bruna Guerra (UFG) e Thais Maria (UFG).
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Carta para o professor Cristiano Novaes de Rezende (UFG) pelas alunas Andressa Oliveira (UFG) e Vanessa Ungarelli (UFG).
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Carta da aluna Suyane Quirino (UFG) para o professor Wagner Sanz (UFG)
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Carta do aluno Paulo Henrique(UFG) para o professor Pedro Mendes
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Carta do aluno Rosimar Souza para o professor Ricardo Dalla
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NARRATIVAS DO ENSINO REMOTO
Apresentação por Lara Gabriella Carneiro e Pamalla Tavares
O vídeo intitulado “Narrativas do ensino remoto” foi produzido por Lara Carneiro e Pamalla Tavares na disciplina “Filosofias do Ensino de Filosofia / Didática I”, ministrada pela professora Carmelita Felício durante o primeiro semestre de 2020. O conteúdo do vídeo é baseado em uma carta convite, na qual estudantes, professores e professoras da Faculdade de Filosofia foram convidadas e convidados a compartilhar suas experiências relacionadas às atividades remotas e ao isolamento imposto pela pandemia da Covid-19.
A experiência da pandemia, conforme relatado no vídeo, foi profundamente dolorosa. Um período marcado por angústia, limitações, medo e perdas, chegando inclusive a exclusões. Isso se somou à sobrecarga acadêmica massiva imposta sobre professoras, professores e estudantes. Nesse contexto, ficou evidente a falta de preparo e qualificação, assim como a escassez de tempo para lidar adequadamente com tais desafios.
O vídeo reflete, de alguma maneira, a realidade, o tempo e o espaço, sob um olhar subjetivo e particular de cada estudante, professora e professor, além do texto base do vídeo feito por Lara e Pamalla. Tudo isso visa revelar um tipo de vínculo, buscando criar algo "comum a todos", especialmente durante o período de isolamento. Com o objetivo de projetar, acolher e amenizar o sentimento de solidão acadêmica, a experiência social para o desenvolvimento e aperfeiçoamento da aprendizagem é de suma importância, sobretudo no ambiente acadêmico.
Afinal, como diz Emicida: “Quem tem um amigo tem tudo”...
Link do vídeo: https://youtu.be/ZDLfRkn75ow
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O ENSINO FILOSÓFICO ENQUANTO ATIVIDADE DE AVALIAÇÃO
Apresentação por Maxury Morena e Matheus Parente
O texto intitulado O ensino filosófico enquanto atividade de avaliação (2021), escrito por Emmanuel de P. F. Rocha, propõe-se a dialogar com as/os suas/seus interlocutoras/es sobre uma das principais problemáticas no que tange à educação brasileira como um todo, tal como evidencia o título, a avaliação. Escrito de maneira perspicaz e questionadora, o licenciando pela Faculdade de Filosofia (FAFIL - UFG), chama a atenção ao apontar para os desafios que a Filosofia encara diante da inevitável atividade de avaliar. Seja avaliar a si mesmo, seja avaliar os contextos social, ambiental e histórico que circundam as múltiplas formas de vida, seja avaliar o outro. Todos estamos sujeitos a avaliar e sermos avaliados. A avaliação carrega consigo diversos estigmas e tabus, ninguém está livre dela, está presente nos olhares, nas falas, nas relações humanas, etc. Faz-se necessário lidar com esses impasses que atravessam o ato de avaliar, desconstruí-los e transmutá-los. Aplicada ao ensino de Filosofia, a avaliação deve ser pensada e repensada coletivamente pelos membros que compõem a comunidade de ensino, professores e estudantes, de tal modo que deixe de ser marginal e passe cada vez mais a ser imanente às práticas de ensino. Assim, ela pode tecer redes de apoio que sustentem uma educação que seja democrática e emancipadora. Nesse sentido, é necessário romper com perspectivas que confundem a atividade de avaliar com a atividade de reprimir, diminuir, hierarquizar, humilhar, punir, sendo importante buscar novos horizontes em que a avaliação não seja um fardo, mas sim um momento de pausar, julgar, conhecer e reconhecer erros e acertos para ressignificações. Errar, por sua vez, faz parte do aprendizado: nenhuma criança aprende a andar de bicicleta em suas primeiras pedaladas da vida, mas, eventualmente, tropeçam e caem várias vezes durante esse processo. Nos ditos populares: “errar é humano!” e, de fato, é mesmo. Erra-se uma, duas, três ou quantas vezes forem necessárias para aprender alguma coisa. Apoiado em pesquisadoras/es que pensam a avaliação no ensino Filosofia no Brasil, como Adriana Delbó, José Sérgio Carvalho, Lídia Maria Rodrigo e outras/os, tal artigo está preocupado em entender a avaliação como uma construção coletiva e responsável de professoras/es e estudantes. Construir é fazer reformas, às vezes começar do zero, às vezes é destruir aquilo que já está ultrapassado e, portanto, não convém mais. Construir é olhar para o novo - ou para a tentativa de encontrá-lo - com olhos humildes, mas ao mesmo tempo com um certo rigor, buscando belezas durante essa aventura em vista do engrandecimento, vivenciando de peito aberto os erros e os acertos, permitindo-se.
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