Relatórios de Pesquisa no Estágio

O LUGAR DA SENSIBILIZAÇÃO NO ENSINO DE FILOSOFIA

Autor: FERNANDO FERREIRA DA SILVA

Apresentação por - Matheus Reis Toledo

O Relatório de Estágio IV “O Lugar da Sensibilização no Ensino de Filosofia”, escrito pelo aluno Fernando Ferreira da Silva em 2016, tem como objetivo
propor uma nova forma de ensinar filosofia na educação básica a partir da utilização de registros artísticos - seja a obra de arte, o cinema, o teatro, entre outros. O relatório tem como base a “oficina de conceitos”, proposta por Sílvio Gallo. Partindo da sensibilização e problematização de imagens apreciadas em sala de aula, a proposta de Fernando está assentada na noção de percepção (e/ou recepção) estética. Ao adentrar o conteúdo estético o autor questiona “em que medida o uso do registro estético se relaciona com a formação do estudante e em que medida esta metodologia satisfaz as expectativas de aprendizagem, no que se refere a formar um sujeito autônomo”. Tais questões levam em consideração seus estudos de Walter Benjamin, especialmente seu ensaio “A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica”, no qual o cinema possui um caráter de aprendizado por si só, mas tem um grande potencial quando trabalhado em uma aula de filosofia. O licenciando também destaca o peso da indústria cultural para a formação escolar, uma vez que esta é um poderoso instrumento da ideologia. A s/os estudantes se encontram em constante contato com diversos discursos e imagens disseminados na nossa contemporaneidade, produzidos para o consumo das “massas”. Tal fato enfatiza a importância da formação crítica e cultural nas aulas de filosofia. Nesse sentido, vale lembrar o que diz Joana Peixoto, em seu texto Tecnologias e relações pedagógicas: a questão da mediação: “(...) a mediação inclui a linguagem, a tecnologia, o professor, o aluno, o momento histórico. Todos esses elementos compõem a mediação, mas não é a coisa que media” (2016, p. 373). Em outras palavras, registros artísticos não devem ser trabalhados como objetos de conhecimento, mas como um elemento no processo de aprendizagem. Fernando utilizou registros artísticos para conduzir suas aulas sobre “ideologia” no CEPAE, escola campo do Estágio , não como objeto de aprendizado, mas como um meio de relacionar a obra de arte com a matéria em estudo e com o objetivo de ressaltar a importância do uso de registros artísticos na formação filosófica da/do estudante. Vale muito a leitura!

 

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A RELAÇÃO ENTRE O THAUMADZEIN

O ENSINO DE FILOSOFIA NO NÍVEL MÉDIO

Autor: REGIS LOPES SILVA

Apresentação por - Éris Nunes de Oliveira

Muito se questiona sobre a origem do saber, do conhecimento, cuja característica é provocar reflexões a respeito do mundo. Conforme o tempo, alguns conceitos são modificados e, dentre eles, o “Thaumadzein” (espanto), o começo da filosofia segundo Platão e Aristóteles. Ora, se é o espanto que provoca o início das reflexões filosóficas, não seria ele um modo de iniciar o curso filosófico no ensino médio?  Estas são questões desenvolvidas pelo estudante Regis Lopes Silva, no Relatório da disciplina de Estágio IV, no ano de 2016. O autor se baseia no pensamento de Hannah Arendt, para situar o thaumadzein no contexto do nascimento da filosofia e como ele poderia despertar as/os estudantes nas aulas de filosofia. Vale a leitura! 

 

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EDUCAÇÃO É UM PROBLEMA FILOSÓFICO: 

metafísica, economia e autonomia na formação escolar

Autor: TÚLIO PASCAL

Apresentação por - Divino R. Garcia Júnior

O trabalho que apresentamos dialoga com o pensamento de Pierre Hadot e propõe discutir a educação como um problema filosófico. A partir desta perspectiva, busca-se desde os diálogos platônicos uma imbricação entre a educação e a filosofia remetendo-se aos termos gregos “Paidéia” e “Philosophia” e, assim, abordando os problemas que os atravessam e que estão presentes em ambos. Encontra-se neste texto a concepção de que a filosofia é um exercício a ser vivido e portanto, um modo de vida que permite a (trans)formação do homem “na medida em que a Paidéia constrói um ethos e uma maneira de ser”. Para tratar da relação entre a metafísica e a educação, o autor questiona a concepção de “homem” fundada em uma essência imutável e se ainda fará sentido tratar a educação como a possibilidade de transformação do homem. Se existe um único modelo de homem não existiria também um paradigma único para a educação ou o ensino de filosofia? Se a LDB concebe a formação como o pleno desenvolvimento das potências do educando, a educação representaria então a possibilidade da passagem de potência a ato, mas como seria possível ocorrer essa passagem em algo que jamais se transformará? A partir desses questionamentos, o autor defende uma educação voltada para a formação da autonomia e da cidadania, problematizando o tratamento dado a esses conceitos  na educação brasileira. Por fim, Pascal parte de uma perspectiva biopolítica para analisar as razões que fizeram com que a economia política passasse a direcionar para onde o ensino deve ir. O autor conclui com uma crítica à mudança pela qual o espaço escolar passou de um local de ensino-aprendizagem para um local de instrução e preparação de trabalhadores para o mercado de trabalho e consumo, configurando a manipulação e distorção dos conceitos de autonomia e de liberdade promovidas pelo neoliberalismo.

 

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POR UM XAMANISMO CIBERNÉTICO: O TECNOCANIBALISMO NOSTRÓPICOS DO MAGISTÉRIO

Autor: ERICK SOUSA CHARU

Apresentação por - Arthur Afonso Agapito Leão

O relatório de estágio de Erick Sousa Charu estabelece uma instigante conexão com o filme O Anjo Exterminador (1962), dirigido pelo cineasta surrealista Luis Buñuel. Na obra, membros da elite burguesa se veem misteriosamente impedidos de deixar uma sala, aprisionados por uma força invisível que desafia a lógica e revela os impulsos mais primitivos e contraditórios da condição humana. Essa ruptura com a normalidade cotidiana — marcada pelo colapso das estruturas sociais e pela emergência de formas alternativas de convivência — encontra eco na proposta pedagógica de Erick, que também busca romper com os fundamentos modernos do pensamento, como o dualismo e o antropocentrismo, abrindo brechas para novos modos de existência, conhecimento e ensino. Assim como Buñuel transforma a sala de estar em um cenário de delírio coletivo que evidencia a fragilidade das convenções racionais, Erick reinventa a sala de aula como um ambiente xamânico-cibernético, onde se diluem as fronteiras entre sujeito e objeto, humano e não humano, real e virtual. Ambos os projetos, portanto, mobilizam dispositivos que suspendem a ordem estabelecida - seja o confinamento enigmático no filme, seja o jogo filosófico-lúdico Trial by Trolley - para permitir a emergência de outros mundos possíveis. Nesse contexto, a educação torna-se uma experiência de deslocamento e transgressão, capaz de reconfigurar os modos de perceber, sentir e pensar. O ensino, assim, deixa de ser mera transmissão de saberes para tornar-se uma prática de criação ontológica, em que o professor atua como um mediador entre mundos e perspectivas. Desse modo, a filosofia ganha corpo, voz e imagem, conectando técnica, sensibilidade e pensamento em uma verdadeira pedagogia do devir. O trabalho de Erick, portanto, aponta para uma educação que não apenas informa, mas transforma - uma escola onde ensinar é, antes de tudo, fabricar mundos. Por isso, adquira seu ingresso para uma sessão deste relatório: leia como quem assiste - com olhos atentos e mente aberta - a uma narrativa que transborda os limites da pedagogia tradicional e convida a imaginar outros futuros possíveis.

 

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DE QUE MODO NÓS, FUTURAS PROFESSORAS E PROFESSORES, PODEMOS ENSINAR POR MEIO DE UMA CIDADANIA E DEMOCRACIA PLURAL E COLETIVA?

Autor: LARA GABRIELLA ALVES CARNEIRO

Apresentação por - Iasy Orides de Castro

O relatório de estágio de Lara Gabriella apresenta a relevância de uma nova perspectiva de cidadania e democracia na educação, baseada nas ideias da cientista política Chantal Mouffe, uma autora que não é tão estudada nos cursos de Filosofia e que traz uma novidade de pensamento, no sentido de fazer uma crítica aos modelos tradicionais, como a democracia liberal e a deliberativa, por limitarem a participação popular e favorecerem a exclusão. Nesse sentido, em oposição, Mouffe aponta para uma democracia radical e agonística, que valoriza a diversidade de grupos e ideias, reconhecendo os conflitos como parte natural da convivência democrática. Nesse modelo, o adversário é visto como um parceiro de debate e não como um inimigo a ser eliminado. Posição interessante para pensarmos os ataques antidemocráticos que temos visto. Movida por essa perspectiva, Lara sugere um ensino voltado para a formação de cidadãs e cidadãos críticas(os) e conscientes, que possam ser capazes de compreender as conexões entre política, sociedade e suas próprias vidas. Sua proposta pedagógica visa perspectivar um ensino para a vida, que superaria o foco exagerado e exclusivo na preparação para o mercado de trabalho, contribuindo, assim, para a construção de uma cidadania ativa e plural. Para Lara, o aprendizado precisa estar ligado ao cotidiano das(os) alunas(os), incentivando o diálogo, a participação e o respeito às diferenças, proporcionado, assim, o exercício da democracia nas aulas de Filosofia nos espaços escolares. O trabalho de Lara é importante porque propõe uma educação comprometida com a democracia real, que reconhece e valoriza a pluralidade de experiências e identidades que existem em uma sala de aula. Ele nos convida a repensar o papel do ensino como uma ferramenta de transformação social, preparando as(os) estudantes para serem capazes de agir criticamente no mundo. Ao/à leitor(a), faço o convite para nos fazer companhia diante dessa reflexão, e considerar em seu horizonte práticas pedagógicas mais humanas e democráticas capazes de formar não apenas estudantes, mas pessoas mais solidárias e politicamente engajadas.

 

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APARATOS TECNOLÓGICOS, ENSINO E APRENDIZAGEM DA FILOSOFIA NO CONTEXTO DE UMA ESCOLA EM CRISE

Autor: MATHEUS REIS TOLEDO

Apresentação por - Samuel Vasco Cordeiro Campos

O relatório de estágio elaborado por Matheus Reis trata sobre os desafios do ensino de Filosofia diante da crise estrutural da escola contemporânea. A partir da leitura do texto, a escola é entendida como uma organização social que já não consegue acompanhar as transformações rápidas do mundo atual, especialmente em função da presença intensa dos aparatos tecnológicos na vida dos estudantes. A escola, entendida nos moldes atuais, dividida em disciplinas, não se adapta às novas subjetividades formadas em uma sociedade digital e globalizada. Nesse contexto, o autor defende a necessidade de ressignificar o uso de tecnologias como celulares, redes sociais, vídeos e até inteligência artificial em sala de aula. Essas ferramentas, apesar de ambíguas, podem ser importantes aliadas no processo de ensino-aprendizagem, desde que usadas de forma crítica e consciente. Partindo de Walter Benjamin como sua principal referência, além de Joana Peixoto e Jorge Larrosa, como autores complementares, argumenta-se que a tecnologia não deve substituir o professor ou se tornar um fim em si, mas servir como  mediação pedagógica. A Filosofia, por não ter um fim utilitário imediato, é vista como um espaço privilegiado para provocar experiências educativas significativas. Inspirado em Jorge Larrosa, o autor propõe um ensino que favoreça o “saber da experiência” – um conhecimento vivencial, subjetivo e singular. Assim, o relatório além de apontar caminhos para um ensino de Filosofia mais conectado com a realidade dos estudantes, é também uma leitura obrigatória a todos que se interessam sobre o ensino de filosofia na contemporaneidade.

 

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INCLUSÃO NO ENSINO DE FILOSOFIA? Por um ensino para todos a partir das especificidades da Filosofia e de seu ensino

 

Autor: YASMIN ANDRÉ DA SILVA MELO

Apresentação por - Daniela dos Santos Almeida

O relatório de conclusão do Estágio IV da licencianda Yasmin André da Silva Melo parte da inquietação sobre como pensar um ensino de Filosofia acessível a todas e todos com base na educação inclusiva. A autora questiona se os projetos de inclusão, de fato, contemplam a diversidade de estudantes - pessoas com deficiência, transtornos, altas habilidades ou grupos marginalizados. Investiga, sobretudo, se as/os docentes de Filosofia estão sendo formadas/os para práticas pedagógicas não excludentes. A partir do diálogo com Deleuze e Guattari, busca refletir sobre a construção de caminhos que valorizem as diferenças. Sua tese discute a tensão entre integração e inclusão nas escolas, destacando que a inclusão vai além da eliminação de barreiras físicas: trata-se de reconhecer um multiverso de acessibilidades. Para Yasmin, é fundamental romper com a ideia de homogeneização, valorizando a diferença como princípio educativo. Embora não pretenda oferecer soluções definitivas, o estudo ressalta que pensar as especificidades do ensino de Filosofia é essencial para construir práticas mais acessíveis. Assim, a educação inclusiva se fortalece quando orientada pela multiplicidade, pela diversidade metodológica e pela abertura que ainda podem ser criadas no espaço escolar.

 

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